18 de out. de 2010

O amansador de cavalos

Conheci um amansador de cavalos, que adorava o que fazia, talvez não fosse o emprego mais importante de se ter, mas Jorge gostava. Gostava tanto que colocava nome em cada um dos cavalos amansados. Depois ficavam conversando com eles como se fossem grandes amigos.
Um dia, chegou um cavalo meio marrom, meio branco, daqueles bem bravos. Jorge se animou, gostava muito de desafios e aquele não seria o primeiro.
O cavalo se empenou, Jorge preparou o laço e laço-o, mas caiu em vão ao chão. O cavalo meio marrom, meio branco se orgulha. Passa-se o tempo e a noite cai, Jorge vai para casa, um pouco decepcionado, um pouco decidido.
No outro dia, lá está os dois, numa disputa que queira a Deus não acabe em morte. Jorge lança um olhar severo e o cavalo se recua, porém não afasta o orgulho. Olhares se cruzam numa tentativa de sair um vencedor.
Jorge consegue laçá-lo, o cavalo se agita numa ânsia constante de se desvencilhar da corda que está no seu pescoço. Em vão, o amansador se mantém firme e novamente fixa o olhar aos olhos do animal. E faz o que sempre faz depois de uma luta ferrenha, ele canta, canta uma canção tão bonita que tranqüiliza o coração do cavalo meio marrom, meio branco.
O telefone toca. Jorge se desconcentra um pouco, mas se volta para o animal. O cavalo deita no chão, estava cansado.
Jorge sente que está flutuando, de felicidade por ter vencido? Não. Jorge está morto. O telefone. Dessa vez o cavalo tinha ganhado essa disputa.


Dêh.

Quem conta um conto, aumento um ponto...
(:

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